01/03/2012

cf 2012: extirpar a doença do planeta

No dia 22 de fevereiro,  os católicos adentraram no seu tempo sagrado por excelência, o tempo da Quaresma. É tempo de renascimento, ou preparação para o renascimento que se dará durante a Pàscoa. É também tempo do recolhimento e de experimentar a transcendência, tendo como inspiração os dias que o Cristo vagou no deserto antes de sumir de fato a sua tarefa no mundo, na história e, para os católicos, uma tarefa essencial para o próprio Cosmos, ou para o próprio Espírito deste Cosmos. 
(veja também Poemas para Deus)

a Campanha da Fraternidade 2012, em frente à Escadaria Messina,
próxima ao Parque Moscoso 

Mas, para grande parte dos católicos (felizmente) a Quaresma não é somente tempo de recolhimento e de transcendência. É também tempo de engajamento e  de imanência, tempo de caminhar e agir no mundo, tempo de reafirmar o compromisso de se construir o Reino neste mundo terreno e não em algum vago, intangível e misterioso lugar do Cosmos.

Esse compromisso se dá todo ano, no primeiro domingo após o Carnaval, ou no primeiro domingo da Quaresma, com a abertura da Campanha da Fraternidade. Este ano a CF teve como tema Fraternidade e Saúde Pública, refletindo a luta dos católicos progressistas por uma saúde pública e digna para todos. (mais informações sobre as propostas da CF 2012 e sobre  os desafios e avanços da saúde pública no Brasil, veja na página da cnbb)

a grande cruz de pano, ladeada pelas menores que representam as vítimas do descaso com a saúde do povo por parte dos governantes cretinos - cada mulher segura uma placa como o nome de uma dessas vítimas 
nas proximidades do Viaduto Caramuru, mais uma parada da Via Sacra,
que este ano retratou a crucificação do Cristo como sendo a crucificação e o
 martírio dos adoentados que padecem humilhações, descasos e abandonos

ainda nas proximidades do Caranmuru. ainda sob um forte calor, o mar de gente insiste em participar da via sacra de um povo que, embora sofrendo as agruras de uma saúde pública
precária e humilhante,  se nega a se entregar à doença da descrença e da apatia,
do consumismo e da competição


aliás, o lema da CF deste ano, "Que a saúde se difunda pela terra inteira (Eclo 38,8)", leva inevitavelmente a uma simbologia maior, remete a um compromisso global. Afinal, é a saúde da humanidade e do próprio planeta que está em jogo, com a consolidadação da bárbarie e da irracionalidade provocadas pelo capitalsimo atual. um capitalismo que já cumpriu o seu papel histórico na jornada da humanidade, mas que hoje é apenas uma manifestação doentia, obsoleta, irracional e, no entanto, cada vez mais perigosa, armada e brutal.

Assim, difundir a saúde na terra inteira significa, antes de qualquer outra coisa, acabar com a doença do capitalismo que aí está,  curar a humanidade de sua dependência e  de sua opressão, de sua sonolência e de sua anestesia, provocadas exatamente  por esse mesmo capitalismo doentio, tardio, intoleravelmente desumanizador.

a caminhada chega á praça da Catedral, com o prédio do Fórum Criminal á esquerda. bem simbólico: para se conquistar a saúde para as  pessoas e para o planeta, é preciso antes construir uma justiça popular, descontruindo esse aparato judicial que, ao mesmo tempo em que se alimenta da ordem injusta e doentia, é também um de seus seus mais arrogantes e dissimulados sustentáculos

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